sábado, 19 de março de 2011

Ensino Religioso - Algumas Considerações

Desde a colonização do Brasil, as crianças e adolescentes receberam não tão somente a influência católica, mas principalmente o ensino. Estudei em colégio confessional católico e parte de minha formação como cidadão ético saiu de lá no período da minha adolescência, com rápidas passagens pela Escola Pública. O ensino religioso era o mesmo numa e noutra realidade. Isso não alterou as minhas convicções, muito pelo contrário, elas foram ainda mais fortalecidas. Devo isso aos meus pais e aos fundamentos básicos de minha formação familiar.

Um problema que vejo hoje, e com certa freqüência, falando como professor efetivo, convivendo com a realidade da sala de aulas, é que a presença de alunos "evangélicos" na sala de aula não tem sido vista com bons olhos por professores não cristãos. Falo com autoridade de quem conhece: Os filhos dos evangélicos, em boa medida, dão mais trabalho que os filhos dos católicos e dos sem-religião. Fora estes, restam os sem-família ou filhos de pais ausentes. Às vezes sou obrigado a ouvir de colegas professores certas indagações como: “Este aluno não é filho de pais evangélicos”? Não poucas vezes fui requisitado pela direção da escolar a fim administrar situação das mais diversas envolvendo alunos membros de igrejas evangélicas, incluindo a denominação Batista da CBB.

Neste ano de 2011 estou trabalhando com pais de alunos em situação de risco, alunos com baixo rendimento escolar e com problemas disciplinares.

Gostaria que pelo menos a família cristã evangélica cumprisse o seu papel na educação informal, isto é, a educação familiar. Mas infelizmente nem com estes estamos podendo contar, ao contrário, estão dando muito trabalho. O papel da Educação Religiosa na Escola Pública não é o da formação doutrinária do aluno, transmitir conceitos litúrgicos, defesa da fé, dentre outros. Isso é papel da igreja ou no mínimo da "família". O objeto de discussão da Disciplina Educação Religiosa é a formação integral do cidadão em seus fundamentos antropológicos, filosóficos e sociológicos. É importante ressaltarmos que a dimensão religiosa perpassa todas essas áreas, mas não pode e nem deve ocupar um caráter confessional ou proselitista. Onde isso estiver acontecendo deverá ser denunciado.

Conheço o valor da presença de um professor de Educação Religiosa na sala de aulas, principalmente quando este tiver uma boa formação acadêmica e uma vida pautada por valores éticos bem construídos. A presença do professor evangélico, e que de fato seja Luz, fará grande diferença na vida dos alunos, nem tanto pelo que irá ensinar, mas pelo caráter de Cristo expresso em suas ações. Este será sem dúvida uma influência positiva na vida de toda a comunidade escolar, uma vez que a sociedade em que vivemos está desprovida de valores essenciais para uma vida estruturada e bem orientada em todos os sentidos. A família, infelizmente, não está cumprindo o seu papel social, e ainda está repassando essa tarefa para a escola e para a igreja. Não podemos esperar e nem contar mais com a família, a menos que a restauremos através do Evangelho. Mas para que isso aconteça, precisaremos nos envolver efetivamente com o seu mundo, conhecer seus dramas e sofrimentos apresentando uma saída...

Lamento o fato de saber que ainda existem igrejas vivendo na trincheira, se protegendo se defendendo do mundo, enquanto deveriam ser mais ousadas no cumprimento de sua missão, estando mais presente em todos os lugares onde Jesus certamente estaria, se estivesse vivendo em nosso tempo e liderando as nossas igrejas. Sair da trincheira é uma necessidade. Ser luz no velador, uma questão de obediência. Permitir que as nossas boas obras sejam vistas, um desafio extraordinário e uma oportunidade brilhante.

“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. (Mateus 5:16)


Pr. Evanildo Ferreira da Silva
Professor Graduado e Especialista em Ciências da Religião

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom, eu tambem penso assim, Religião não se ensina na escola, mas mas a palavra de Deus sem sectarismo faz muita falta, tenho certeza que se as crianças e os jovens tivessem conhecido a vida, a ética e o amor de Jesus, não seriam hoje o que são e com certeza seriam fortalecidos na fé que seus pais ensinam e professa