sábado, 1 de janeiro de 2011

De Volta ao Ano Novo

De Volta ao Ano Novo

Feliz ano Novo! Esta é a frase mais ouvida no dia 31 de dezembro na virada do ano. Desde minha infância aprendi com os mais velhos a viver a expectativa da chegada do “Ano Novo”. Essa visão cíclica do tempo nos leva a pensar sempre em um novo recomeço, ao compromisso de não cometermos mais os mesmos erros e a nos esforçarmos para sermos melhores do que procuramos ser no ano que passou.

Lembro-me, quando criança, das peças teatrais que se repetiam todos os anos, sempre a mesma coisa, com os mesmos personagens e o mesmo enredo. O “Ano Velho” caracterizado de um homem idoso com cabelos brancos, barbas longas e brancas, encurvado, trêmulo, escorado numa bengala, andando com muita dificuldade, se despedindo do público, lamentando suas fraquezas e o seu fim inevitável.

Seguido pelo “Ano Novo” caracterizado de príncipe ou de princesa, cheio de brilho e radiante de alegria, trazendo em seu semblante a esperança do recomeço, com votos de felicidade e prosperidade; no último minuto da noite, o “Ano Velho” ia se despedindo provocando risos na platéia até desparecer no palco por detrás das cortinas. Por fim, de pé, e com muitos aplausos, a platéia saudava a chegada do “Ano Novo” numa expressão de muita alegria e descontração. Dava início ao primeiro dia do ano, o dia internacional da confraternização e o recomeço de tudo.

Para mim, era tudo muito engraçado. Ninguém questionava nada, não havia sequer uma crítica ou reflexão mais profunda em torno da mensagem que estava sendo comunicada. Ao final de tudo, o que estávamos fazendo era tão somente repetir a mesma história. Parece que pouca coisa mudou de lá para cá. O palco, a peça teatral, os personagens e as cortinas desapareceram ou saíram de cena, mas o pensamento permaneceu quase o mesmo na nova geração. A idéia cíclica do tempo continua e por isso mais uma vez estamos de volta ao “Ano Novo”.

Penso, no entanto, que o “Ano Velho” não pode morrer totalmente como mostrado na peça teatral. Há, talvez, muita coisa preciosa que precisa ser mantida. Muitas experiências valiosas não podem, e não devem morrer com o tempo... Precisamos preservar as lembranças dos bons momentos vividos, das bênçãos recebidas e das vitórias alcançadas. Os amigos que fizemos não podem ser esquecidos ou deixados para trás, perdidos no tempo como se fossem objetos descartáveis ou substituíveis. Há coisas e pessoas que nos são necessárias e devem ultrapassar a barreia do tempo. Há pessoas que são bens preciosos e permanentes que não poderão jamais ser esquecidas ou apagadas de nossa memória. Nesse sentido, o “Ano Velho” Não sai de cena, não envelhece e nunca morre. Ele abre as portas para que os nossos bens preciosos e permanentes prossigam dando significado à nossa existência e à vida das pessoas que nos cercam.

Dizer que estamos de volta ao “Ano Novo” não precisa significar a repetição ou o recomeço de tudo, mas, principalmente, a oportunidade para a reflexão. É importante sabermos que a vida e o tempo não se separam não se repetem, não nos esperam e nem voltam atrás. Cada dia é um novo dia e, por isso, o que não realizamos no tempo que passou, ficou para trás. Mas uma coisa nós podemos fazer. Podemos mudar a nossa maneira de pensar e viver a vida. Ao invés de lamentarmos o que não deu certo e de aceitarmos a mesmice ou a repetição de tudo, basta que reelaboremos o nosso projeto de vida, dando a ele um caráter contínuo, progressivo e de natureza mais permanente. Devemos lembrar que a vida é uma só, é um presente de Deus, e não podemos desperdiçá-la. Esta única vida que nos foi dada deverá ser vivida de forma contagiante e com intenso significado. Assim, o “Ano Novo” será sempre novo, o “Adeus Ano Velho” será riscado do nosso vocabulário, uma vez que tanto a vida quanto o tempo serão renovados continuamente, conforme as misericórdias de Senhor que se renovam a cada manhã.

Evanildo Ferreira da Silva
Pastor da Igreja Batista Monte Sinai
Montes Claros, MG

Um comentário:

VIAJANDO E PULANDO disse...

vc foi muito feliz com o seu blog adorei ,parabens,uma abraço
goreth terças