domingo, 21 de setembro de 2008

Ciência e fé são compatíveis?
Karl Heinz Kienitz i

Nosso cotidiano é profundamente influenciado pela ciência. Percebemos isto ao atentar para o copo d'água tratada que bebemos ou ao telefone celular com o qual nos comunicamos. Mas também a fé tem profundo impacto em nossas vidas. Max Planck, pai da teoria quântica e ganhador do prêmio Nobel de Física de 1919, testemunha que “... desde a infância a fé firme e inabalável no Todo Poderoso e Todo Bondoso tem profundas raízes em mim. Decerto Seus caminhos não são nossos caminhos; mas a confiança Nele nos ajuda a vencer as provações mais difíceis.”
ii A importância da fé foi também reconhecida pelo pintor impressionista Auguste Renoir, que ao comentar certas obras de grandes pintores disse: “Nas obras de antigos mestres jaz uma confiança suave, serena. Ela provém duma conduta despretensiosa, simples, que não existiria sem a fé religiosa como motivo primeiro. O homem moderno, porém, enxotou Deus - e assim perdeu segurança.”
O “enxotar Deus”, como Renoir o expressou, é também motivo para propagar um falso conflito entre fé e ciência. Este falso conflito é contundentemente denunciado pelo sociólogo Rodney Stark, que com base em pesquisas sólidas demonstra a inverdade e o forte viés ideológico de afirmações como “fé religiosa é uma manifestação primitiva que desaparece com o a difusão da ciência e tecnologia”, “religião é oriunda de ilusões e neuroses” ou “religião é, genericamente, instrumento de manipulação”iii. Richard Feynman (prêmio Nobel de Física de 1965), embora não-cristão, concorda que “muitos cientistas crêem na ciência e em Deus, o Deus da revelação, de uma forma perfeitamente consistente.”
De fato podemos citar muitos cientistas que consistentemente combina(ra)m uma fé bíblica e uma atividade científica de ponta. Por falta de espaço irei citar apenas mais três.
André Marie Ampère, cujo nome ficou para sempre associado à unidade de corrente elétrica, recomenda: “Estude as coisas deste mundo, é tua profissão; mas olha-as apenas com um olho e fita o outro permanentemente na luz eterna ... Escreva apenas com uma mão; com a outra te segura na veste de Deus assim como uma criança se segura na veste de seu pai.”
Louis Pasteur, o grande microbiólogo francês do século XIX, entendia a busca pela verdade na ciência e na fé como interrelacionadas e afirmou: “Proclamo Jesus como filho de Deus em nome da ciência. Meu espírito científico, que dá grande valor à relação entre causa e efeito, compromete-me a reconhecer que, se ele não o fosse, eu não mais saberia quem ele é ... Suas palavras são divinas, sua vida é divina, e foi dito com razão que existem equações morais assim como existem equações matemáticas.”
Arthur L. Schawlow, prêmio Nobel de Física de 1981, disse: “... eu encontro uma necessidade por Deus no universo e em minha própria vida ... Somos afortunados em termos a Bíblia, e especialmente o Novo Testamento, que nos fala sobre Deus em termos humanos muito acessíveis, embora também nos deixe algumas coisas difíceis de entender.”
No Novo Testamento, que nos fala de Deus e de sua manifestação visível em Jesus Cristo, o apóstolo Pedro diz: “não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade.” (2. Pedro 1: 16) Esta preocupação com a autenticidade e a verdade é comum a todos os textos da Bíblia e torna sua mensagem tão compatível com a ciência praticada por cientistas como Ampère, Pasteur e Schawlow.iv
Última revisão: 6 de março de 2008

i Karl Heinz Kienitz recebeu o doutorado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica de Zurique, Suíça, em 1990. É professor da Divisão de Engenharia Eletrônica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica.
ii As citações usadas neste artigo foram extraídas da coletânea disponibilizada por Wolf-Ekkehard Lönnig em http://www.weloennig.de/Nobelpreistraeger.pdf (versão de 6.11.2005) e do livro: Jörg Gutzwiller - Das Herz, etwas zu wagen, Friedrich Bahn Verlag: Neukirchen-Vluyn, 2000 (ISBN 3761593031).
iii Dois artigos em que Rodney Stark e co-autores discutem este assunto são:
R. Stark - “False conflict,” The American Enterprise, pp. 27 - 33, outubro / novembro 2003.
R. Stark; L. R. Iannaccone; R. Fink - “Religion, science and rationality,” American Economic Review, vol. 86, número 2, pp. 433-437, maio 1996.
iv Muitas referências sobre a relação entre ciência e fé podem ser acessadas a partir das seguintes páginas da Internet (em inglês):
http://www.calvin.edu/~lhaarsma/scifaith.html
Uma página do Prof. Loren Haarsma, do Calvin College, o melhor “Midwestern Comprehensive College” na classificação America's Best Colleges 2007, da revista U.S. News.
http://www.its.caltech.edu/~nmcenter/sci-faith.html
Uma página do Newman Center, no Caltech, a quarta “National University” na classificação America's Best Colleges 2007, da revista U.S. News.

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